segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Raiva, construtiva???






“...Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo”

Mahatma Ganghi



Emoções... Por vezes difíceis de serem distinguidas, percebidas, entendidas, aceitas e muitas vezes, controladas. Mas, a verdade é que ela sempre está a nos rondar, influenciando nossas ações e interpretações dos fatos, queiramos ou não. Percebemos ou não.
Quem controla quem? Embaraçoso dizer, mas a maioria se deixa levar pelas emoções e a culpabiliza pelos seus atos, às vezes insanos. Outros creem que as têm sobre seu poder, mas apenas deslocam sua manifestação, que indiretamente e inconscientemente, se voltam contra quem às sente. Aparecem as doenças psicossomáticas.
Uma grande confusão, é fácil e frequentemente feita: sentimento e emoção, não são a mesma coisa. “Um sentimento é a construção de uma estrutura emocional vivenciada”. As emoções são respostas neuro-hormonais e os sentimentos são essas emoções refletidas, analisadas e conceitualizadas, podendo haver transformações na forma do individua se relacionar com o meio.
Algumas emoções são inerentes ao ser humano. Todo e qualquer ser humano as sentem, mesmo quando quer nega-las. Uma delas é a raiva. Todos sentem em algum momento da vida. E os ditos populares são partes de verdade e expressam muito bem alguns fatos, por exemplo, “ninguém gosta de engolir sapo”. Neste caso, o sapo ao qual se refere, é a raiva. E quando não engolida e nem analisada, acaba por causar estragos no meio, nos relacionamentos e muitas vezes sendo até perigosa por levar à ações violentas e impensadas, o que é pior. Contudo, igualmente péssimo é quando a raiva engolida. Porém, agora o estrago é contra quem as sente, atacando o coração através de uma hipertensão, a tireoide, os rins e até mesmo, propiciando um pacote completo de todas essas doenças e mais outras, algumas irreversíveis, como a diabetes, com a obesidade.
Sim, a raiva engorda! Além de a raiva acelerar a produção da adrenalina, o que nos prepara para fuga ou ataque, “na raiva ocorre uma elevação do açúcar no sangue, numa antecipação” ao gasto calórico necessário para o consumo dos músculos em uma das ações já citadas, ocasionando também um desequilíbrio da fome/saciedade.
Aqui gostaria de fazer uma distinção, que julgo importante. A emoção é a reação neuro-hormonal de um fato ocorrido contra nós. Este fato pode ser a ação de outrem impedindo a realização de algo que almejamos ou palavras deferidas contra nós.
A nossa resposta a essas ações, diferencio em: instintivas quando não percebida a tempo de serem analisada e refletidas provocando manifestações inadequadas de ações de agressividade verbal, fugindo ou atacando fisicamente e até mesmo quando nos paralisamos (a engolimos). E, humanas quando transformadas em sentimentos. As emoções quando percebidas e analisadas levam a ações construtivas ou não, a depender do nosso livre-arbítrio, mas não são instintivas, são elaboradas, planejadas e por isso podendo ser produtivas e criativas.
Chamo de humanas porque apenas nos humanos possuímos o córtex pré-frontal no qual ocorrem as ações intelectuais e racionais. Porém, para que esse trânsito químico-hormonal todo seja realizado, é necessário que o autor das emoções tenha um olhar interno, no qual consiga se aperceber das próprias emoções, as matrizes biológicas, a tempo de desviar o transito da ação para o pensamento, impedindo o prejuízo para si mesmo.
Quando não acionamos, através do pensar, do raciocínio o córtex pré-frontal, o hipotálamo, estrutura que regula o sistema endócrino e além do equilíbrio da pressão arterial, fome, saciedade e desejo sexual, trabalha em desarmonia as impressões sensitivas internas e externas não obtendo uma resposta adequada, deixando de ser construtiva.  
Assim sendo, se não quisermos adoecer, ao nos darmos conta de alguma sensação, usemos do tempo para reconhecermos qual emoção sentimos, analisarmos o que ela quer nos dizer e por fim, pensarmos na melhor estratégia a ser usada.
Podemos planejar uma ação vingativa, como Hitler, mas essa, ainda que pareça satisfatória, é apenas momentânea e novamente a insatisfação se voltará contra si. Ou podemos, como muitos líderes, Thomas Edison, Charlie Chaplin e outros que usaram a raiva por ter vivenciado historias trágicas para alavancarem sua vida. Mas para tal é preciso senti-la, reconhecê-la e transformá-la, criando algo que lhe agrade.

 


Fonte: Psiquê Ano IV No. 80 João Oliveira
 

Um comentário:

Ana Beatriz Cintra disse...

Muito obrigada Isac!
Eu sempre estou acompanhando seu site mesmo não interagindo e acho muito interessante. Divulgar, dismitificando o processo cirurgico é um trabalho útil e importante, ainda mais quando sendo realizado por alguém que tem tão bom testemunho. Que conseguiu aderir as mudanças necessárias e passou a ter uma vida saudável. Excelente exemplo!!!
Parabéns!!! E mais uma vez obrigada pela sua participação!!!