terça-feira, 10 de junho de 2008

O trabalho do psicólogo na cirurgia de redução do estomago

A Obesidade Mórbida é uma doença multifatorial que envolve componentes genéticos, comportamentais, psicológicos, sociais, metabólicos e endócrinos (Björntorp, 2003) e por isso deve ser tratada por uma equipe multidisciplinar, segundo resolução do Conselho Federal de Medicina.
Essa equipe multiprofissional ou multidisciplinar, segundo o último Consenso Brasileiro Multissocietário em cirurgia da Obesidade (2006), “visa avaliar, orientar e acompanhar os pacientes portadores de obesidade em programas de cirurgia bariátrica...” (SBCBM/2007). Esta equipe é composta por: cirurgião bariátrico, médico clínico (geral, endocrinologista, intensivista, ou cardiologista), psiquiatra e/ou psicólogo, nutrólogo e/ou nutricionista, podendo atuar de forma complementar, outros profissionais, tais como: anestesiologista, endoscopista, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais e profissionais da área de educação física.
O trabalho do psicólogo inicia-se no preparo pré-operatório. O paciente e seus familiares precisam e devem ser informados sobre os procedimentos cirúrgicos. Dentre esses procedimentos, estão as opções de técnicas cirúrgicas, riscos e benefícios da cirurgia e mudanças necessárias que o paciente terá que ter após a cirurgia. Geralmente essas informações são fornecidas através de reuniões preparatórias com a equipe responsável, através de uma linguagem simples e fácil.
O psicólogo também tem como função, avaliar como o paciente encontra-se emocionalmente para a cirurgia, avaliar e auxiliar na cognição e compreensão dos aspectos decorrentes do pré e pós-cirurgico, detectar e orientar os pacientes portadores ou potencialmente sujeitos a distúrbios psicológicos graves. (Franques, 2003)
Os candidatos á cirurgia, indicados pelos médicos, passam por uma avaliação psicológica pré-cirurgica. Essa avaliação tem o objetivo de conhecer melhor o paciente no campo psíquico, seus hábitos e padrões de comportamento, verificando se o paciente encontra-se psiquicamente saudável para enfrentar as mudanças que vai vivenciar, considerando a experiência pessoal e particular de cada um, a fim de propiciar não só o emagrecimento, mas também qualidade de vida.
Ainda, como função do psicólogo está à desmistificação da idealização da cirurgia, a conscientização de que a cirurgia não é um “processo mágico”, na qual o sujeito será emagrecido. Mas que ele é um participante ativo, responsável pelo modo relacional que possui com a comida e o lugar que ela ocupa em sua vida. O psicólogo através de uma anamnese do paciente pode trazer-lhe a consciência o vinculo do alimento ou do ato de comer com alguns sentimentos e ou emoções na tentativa tanto de favorecer o emagrecimento, quanto de tentar evitar o deslocamento do comportamento aditivo para outro objeto que não a comida, como compras, álcool, sexo etc. Também é investigada a presença de sintomas de depressão, angústias, ansiedades, crenças (fantasias X realidade) distúrbios alimentares e comportamentos purgativos que podem vir a comprometer o resultado cirúrgico. Essa investigação é realizada através de entrevista clínica e ou aplicação de bateria de testes analíticos e projetivos.
Uma segunda etapa da participação do psicólogo na gastroplastia se faz no período pós-cirurgico, período que mistura desconforto, adaptações, euforia, expectativas, ansiedades e inseguranças. No pós-operatório, o foco terapêutico passa a ser a nova imagem corporal e as repercussões sobre a personalidade do indivíduo. As mudanças, alimentar ou física, ocorrem rapidamente e liberto da camada de gordura “protetora”, podem emergir conflitos emocionais mais básicos, até então, inconscientes. É através de um trabalho psicoterápico ou acompanhamento psicológico, o operado poderá ser auxiliado a se conhecer e a se compreender melhor possibilitando uma reestruturação emocional que construirá uma nova identidade.


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