segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dia dos namorados pra solteiros

É engraçado como no ano temos 365 dias para pensarmos na nossa condição amorosa, mas parece que concentramos toda nossa angustia e insatisfação em um dia. Fico com a impressão que num determinado dia os solteiros e as solteiras acordam e se “dão conta” da sua solidão, bem no Dia dos Namorados.
Interessante é as diversas reações à esse dia. Tem namorado que termina só pra passar esse dia solteiro. Talvez para isentar-se do presente e de um compromisso mais sério. Outros solteiros iniciam um relacionamento sem vínculo afetivo e consciente da efemeridade só para não passarem esse dia só. E ainda, o mais criativo são casais que saem e trocam presentes nesse dia, mas são apenas amigos que fazem questão de não estarem “por fora” nesse dia. Amigas que se juntam para assistirem à um filme na casa de uma delas e também trocam presentes para comemorarem o dia dos namorados.
Assistindo esses comportamentos, penso que a instantaneidade das informações, a acirrada competitividade em um mundo globalizado, no qual cada vez mais se valoriza o ter em detrimento do ser, leva ao encaixotamento de padrões, a comportamentos não refletidos, conduzidos pela mente coletiva e não pelo “sentir”. Assim, as pessoas não seguem os próprios valores que acreditam, mas os que julgam ser aceitos, desejados e esperados pela sociedade que ignora a emoção peculiar do individuo.
Nessa corrida as cegas as pessoas se omitem dos seus sonhos e idéias, desconhecem os significados originários da comemoração e se escravizam no consumismo do ter: ter um namorado, ter que dar e receber um presente, ter que comemorar essa e tantas outras datas, ter que amar e ser amado. Ah... se soubessem que esse dia foi criado “em nome do amor” para se defenderem do ataque inimigo, seja ele o lobo feroz, a família em declínio ou a queda das vendas do comércio, talvez fossem livres para buscarem seus pares sem pressa, sem data nem idade e se unirem apenas quando amarem e se sentirem amados.


Mente coletiva é um termo Junguiano, o qual Edson Carmo explicita muito bem: “A mente coletiva faz com que você não gere as suas próprias idéias. A mente coletiva faz com que você pense as idéias dos outros. Usando a mente coletiva não há originalidade, e sim, repetitividade sem reflexão.”