terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Vira, Vira, Vira, Virou…

Curiosidade… é o que acaba levando muito jovens, crianças recém ingressas na adolescência a darem o primeiro gole. Esse “batismo” no mundo do álcool tem ocorrido entre os 13 e 17 anos, em média aos 15 anos de idade. Assustadoramente, 37% dos entrevistados contam que beberam antes dos 13 anos de idade. E 28% dos jovens dizem terem experimentado bebidas alcoólicas em casa e 19% estavam com os pais quando o fizeram. Mesmo aqueles que não bebem em casa, 58% dizem que seus sabem que eles bebem. Mas se bebida alcoólicas são proibidas para menores de idade, como e o que levam esses jovens a beberem? Antes dessa nova lei e fiscalização (mais importante do que a própria lei), muitos estabelecimentos acabavam vendendo bebidas sem a apresentação de documentos. Ou o menor comprava através de algum maior de idade. Mas a razão que os leva a beber em 54% foi a curiosidade e 40% a diversão como maior incentivo. Alguns também relataram a pressão de amigos para beberem e se sentirem pertencentes ao grupo, sendo que 54% deles estavam com amigos no 1º gole. O principal prejuízo em ingerir álcool nessa faixa etária é que “o sistema nervoso está em desenvolvimento e o álcool pode inibir esse desenvolvimento”. Além do mal que possa fazer a si mesmo, ingerir álcool aumenta o comportamento de risco, inerente ao adolescente, ficando fortíssimo tendo como consequências o sexo sem preservativo (+ de 6%) e acidentes de carro envolvendo mortes por dirigir bêbado. Quase metade deles já dirigiu após beber ou pegaram carona com alguém que estava bêbado. Mesmo sabendo as implicações nocivas dessa atitude, 31% dos jovens dizem beberem até passarem mal.

Além desses males, que já seriam razões suficientes para um consumo consciente, o álcool regular associado ao fumo tem maior risco de câncer de boca, faringe, laringe e esôfago. Sendo que bebedores e fumantes associados têm 12 vezes mais chances de desenvolver um câncer, principalmente o de esôfago, do que alguém que só fuma ou só bebe. E nesta pesquisa estamos considerando apenas 1 lata de cerveja por dia e um cigarro/charuto ao dia.

Do consumo social ao alcoolismo pode ser “um pulo”. Nunca se sabe quando um evoluirá para o outro. Um a cada três bebedores abusivos vai se tornar um doente crônico, conforme classificação da OMS.

Depois de experimentar a primeira dose de álcool, 3 entre 5 se tornaram bebedores regulares. Um em cada cinco desses bebedores se tornará um abusador e por fim, 1 a cada 3 que abusam de álcool se tornará dependente.

Os limites entre o uso regular e o abusivo não são perceptíveis facilmente, principalmente porque existe no Brasil uma cultura conhecida internacionalmente como “fiesta Drinking”que é beber no fim de semana em quantidades excessivas e ficar embriagado. Muitas gente começa bebendo apenas nos fins de semana e depois passa a beber no meio da semana, passa do seu limite e começa a perder o “passo da realidade”, não consegue identificar seus sentimentos e vai desenvolvendo a dependência aos poucos. Sem se dar conta a pessoa cria estratégias e rituais para afirmar, para si e para os outros, que não perdeu o controle, que ela pode parar na hora que quiser. Ela muda hábitos e rotinas, por vezes até o circulo de amigos e o convívio com a família, excluindo coisas necessárias para incluir a bebida. Mas não é o que acontece. A dependência só é percebida quando se tenta parar e não consegue.

Porque é difícil sair da dependência sozinho?

Primeiramente por que beber é um hábito socialmente aceito. Segundo por que num primeiro momento o álcool aumenta a atividade da dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer. No cérebro a região que reconhece essa sensação é ativada pela dopamina, o que leva a repetição da ação. O Hipocampo, por sua vez guarda apenas as memórias boas relacionadas ao álcool, apagando os micos e demais coisas desagraveis que ocorrem. Marcando o beber com resultado de prazer (reforço positivo). Posteriormente, com o tempo o cérebro precisa de níveis mais altos de dopamina para funcionar, levando a pessoa a ingerir mais doses. E assim, o vício está instalado. Mesmo que a pessoa queira parar, sozinha, dificilmente ela conseguirá porque ocorrem as crises de abstinência, que variam de tremores, sudorese até insônia, náuseas e vômitos de 6 a 48 horas após o último gole. A abstinência pode se tornar perigosa quando a pessoa apresenta confusão mental, alucinações e até convulsões. São sintomas do delirium tremens e começa dentro de 48 a 96 horas após a última dose.

Dessa forma, todo tratamento deve ser acompanhado por profissionais especializados no assunto, algumas vezes fazendo uso de medicação para controle dos sintomas e até de internação.



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