domingo, 28 de março de 2010

Viciados em Net


Antes de falarmos propriamente do assunto, creio que caiba conceituar vício.
Vício (do latim "vitium", que significa "falha ou defeito" ) é um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem.

O termo também é utilizado de forma amena, contudo não possue o mesmo sentido, como por exemplo, viciado em chocolate, designando a pessoa adoradora de chocolate.

Muito comum, aos dependentes ou viciados, é usar a palavra adicto, termo inexistente na linga portuguesa. Termo usado na referencia de uma atividade ou um estado menor que dependência e maior que um simples hábito. De fato, seria algo que se aproxima muito de uma forte compulsão.

Dentro das dependências sem substância, que podem ser comparadas a comportamentos compulsivos, a única reconhecida nas classificações oficiais (CID-10 e DSM-IV) é o Jogo Patológico. Entretanto, o uso por Compulsão da Internet, bem como o excesso de exercício físico (Vigorexia), de trabalho (workaholic),, o Sexo Compulsivo, a Compulsão às Compras, alguns incluídos nos Transtornos do Controle de Impulsos, são quadros que devem ser mais bem estudados pelas importantes implicações na vida cotidiana. Portanto a adicção à Internet deve ser considerada uma adicção especificamente psicológica (ou comportamental).

Não só jovens, mas adultos também estão permanecendo mais tempo diante da internet. Isso talvez ocorra por que pessoas com alguns transtornos psicológicos primários, ou seja, pessoas com timidez, dificuldades no estabelecimento de relações interpessoais, inabilidades sociais e com baixa auto-estima acabam se favorecendo do anonimato, da ausência de comunicação verbal e do distanciamento para se socializarem e interagirem com outras pessoas. Estes são fortes fatores favorecedores ao uso compulsivo na net já que estas pessoas podem vencer suas dificuldades, adotando outras identidades e criar realidades alternativas sem as barreiras do contacto interpessoal direto (Estévez, 2001).

São pessoas que freqüentam continuamente chats, sites de relacionamentos e de programas de conversas instantâneas pela internet, em busca de prazeres negados pela realidade concreta, encontrando na rede a possibilidade de realizar todas suas fantasias, especialmente as sexuais, adotando outras identidades e criando realidades alternativas sem as barreiras do contacto interpessoal direto (Estévez, 2001). Esse tem sido o ponto chave, aparecendo sob a forma da busca continuada e excessiva de material erótico e pornográfico.

Contudo, para que a adicção a Internet seja considerada uma doença deverá primeiro, ser considerada assim no âmbito científico, de maneira consensual. Isso de forma alguma minimiza o problema de pessoas que chegam aos consultórios psiquiátricos em busca de “cura”.

Assim como em outras compulsões, pode-se facilmente confundir o “muito uso” com compulsão. Usar a internet é uma coisa, usar bastante a internet é outra coisa, usar continuamente e persistentemente a internet é ainda outra coisa e, somente usar abusivamente ou compulsivamente a internet é que se enquadraria no Transtorno de Uso Compulsivo à Internet, ou Adicção à Internet.

Ainda que não se saiba, até o momento e com certeza, se os problemas relacionados à Internet serão clinicamente significativos no futuro ou se serão de irrelevantes, o que se tem constatado é que seu uso pode estar presente em diversas patologias psíquicas, ora aparecendo como condição secundária à essas patologias, ora constituindo-se numa condição primária da própria patologia. No primeiro caso teríamos a manifestação de alguns transtornos através da Internet, como seria o caso da adicção ao jogo e ao sexo, no segundo caso como a nova descrição psicopatológica da Adicção à Internet.

Assim, denominar um compulsivo pela net é bem complicado uma vez que a Internet é um importante meio de trabalho para muitos, uma oportunidade de extraordinária criatividade para outros e uma vasta fonte de informação para todos. Com isso é prudente diferenciarmos o lazer, o trabalho e a informação da adicção, propriamente dita. Em resumo, tal como em outras dependências, no uso compulsivo à Internet existe uma absoluta necessidade de realizar essa atividade e, em não se levando a cabo, experimenta-se ansiedade.

O mais sensato, por ora, seria reservar a denominação "compulsão à Internet" aos usuários que, além de preencherem critérios de adicção, recorressem à Internet para jogos, bate-papo e pornografia, sendo que, dependente é a pessoa que se utiliza excessivamente da Internet, gerando uma distorção de seus objetivos pessoais, familiares e/ ou profissionais. Se uma pessoa passa horas e horas conectada, negligenciando obrigações familiares, pessoais e profissionais de forma reiterada, podemos estar diante de uma situação de adicção. Mesmo assim, não está claro se a compulsão à Internet deva ser considerada uma patologia própria ou se ela representa apenas um sintoma de algum outro estado emocional subjacente.



Ballone GJ - Compulsão à Internet, Mito ou Realidade, in. PsiqWeb, Internet, disponível em atualizado em 2003

segunda-feira, 22 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher

O que se comemora nesse dia? Ta, eu sei que essa data já passou, mas percebi que quase ninguém sabia o porquê dessa data e acabava fazendo alusão a uma comemoração errônea. Isso acaba ocorrendo com muitas datas comemorativas, no qual o verdadeiro sentindo acaba se perdendo e com ele a força da Ação.
Clara Zetkinapresentada na Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, em 1910, sugeriu q o dia 8 de março fosse “O Dia Internacional da Mulher”. Esse dia foi criado para lembrar as diversas mulheres, vindas de diferentes países, e principalmente mulheres judias que trabalhavam na fábrica de algodão de Massachusetts, Alabama, e nas indústrias têxteis de Nova York, que saíram às ruas descalças e vestindo suas roupas esfarrapadas, dando o grito inicial na luta por direitos iguais. Essa manifestação foi um protesto a pressão e exploração de um trabalho desumano de mais de 16 horas diárias, em troca de metade do salário pago aos homens. Ao reunirem-se na fábrica, após a passeata, os patrões, em represália, atearam fogo em todo o local, matando 139 mulheres. Foi somente no ano de 1975, na 1ª Conferência Internacional da Mulher no México, que a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

A discriminação contra a mulher não ocorre apenas no âmbito econômico, mas também no político, social, cultural e civil, entre outros.

As primeiras normas de Direito do Trabalho, bem como as iniciativas tendentes à sua universalização, visaram exatamente limitar a jornada de trabalho das mulheres e proibir o trabalho noturno aos menores. O art. 23 do Pacto da Sociedade das Nações, que se firmou após a primeira grande guerra com o compromisso de uma paz universal. A base desse pacto era a justiça social, na qual determinava que os membros das Sociedades das Nações se esforçariam para assegurar condições de trabalho eqüitativas e humanitárias para o homem, a mulher e a criança em seus próprios territórios e nos países aos quais estendessem suas relações de comércio e indústria.

Atualmente, o desafio é converter a igualdade meramente formal, proclamada no art. 5º, I, da nossa Constituição Federal, em igualdade material, real e substantiva.

O respeito aos direitos das mulheres está em exigir uma mudança de mentalidade e valores da sociedade. Afinal, pelo menos nos últimos 3 mil anos, a civilização ocidental baseou-se em sistemas filosóficos, sociais e políticos em que os homens, seja pela força, pressão direta ou através da tradição, do ritual, lei e linguagem, costumes, etiqueta, educação e divisão do trabalho, determinaram que papel as mulheres devem ou não desempenhar.

Uma das transformações mais profundas na sociedade que estamos vivenciando é, sem dúvida, o declínio do patriarcado, provocado, em grande parte, pela inserção da mulher no mercado de trabalho.

Assim, surgimento do Dia Internacional da Mulher está relacionado com a luta pela efetivação do Direito Universal à igualdade entre homens e mulheres, em direitos e obrigações, notadamente no campo profissional e não com a maternidade e delicadeza da mulher.
No dia Internacional da mulher, dia 8 de março devemos reanimar a força do solidarismo feminino, da garra e luta da mulher, devendo regozijar-se de seu valor e de sua condição, sem receios de discriminações, uma vez que estão escrevendo novas páginas na construção da vida e da sociedade contemporânea.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Drogas lícitas matam?

Segundo a Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes, ligada à ONU, revela que houve um crescimento do abuso de medicamentos, sendo que em alguns países o consumo desses medicamentos já é maior do que o consumo de heroína, cocaína e ecstasy juntas.

Algumas drogas lícitas estão sendo usados com dosagens acima da recomendada ou para outros fins como os benzodiazepínicos (tranqüilizantes), analgésicos opióides e anfetaminas (como os inibidores de apetite). Esse tipo de abuso é mais comum até do que o vício em maconha, a principal droga ilícita no mundo.

A maior dificuldade em controlar o abuso e uso inadequado é que são medicamentos úteis para tratar doenças e por isso não podem simplesmente serem abolidos. Mas quando são usados de forma abusiva podem causar dependência e tolerância, precisando aumentar a dose para obter o mesmo efeito e acabam trazendo problemas como taquicardia, hipertensão, convulsões e até levar à morte.

E por falar em morte, duas drogas lícitas, psicoativas amplamente utilizadas e comercializadas no mundo: álcool e cigarro, já respondem por mais mortes que todas as substâncias ilícitas somadas.

“Segundo a OMS, o número de fumantes no planeta está em torno de 1 bilhão, correspondendo a 17% da população.” Os usuários de álcool, entre 12 e 65 anos de idade, considerando que pelo menos uma vez já consumiu de álcool, está em 75% da população e os que são considerados alcoólatras chegam a 12,3%.

Já os usuários de drogas ilícitas não excedem 5% da população com idade entre 15 e 64 anos e o que podem ser considerados dependentes está abaixo de 0,6%.

A OMS divulgou que o tabaco mata por ano 5 milhões de pessoas (10% de todos os óbitos) e 1,8 milhões (3,2%) morrem por decorrência do álcool. Já as mortes devido às drogas ilícitas estão em torno de 200 mil/ano (0,4%). Não estou com isso fazendo apologia ao uso das drogas ilícitas, apenas ressaltando os prejuízos de outras drogas que são subestimadas.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Retrocesso: uma negra previsão

Uma afirmação pesada, mas bem fundamentada, foi proferida por Margaret Chan, diretora-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde): “A atual geração de crianças pode ser a primeira, em muito tempo, cuja expectativa de vida seja menor do que a de seus pais.” Segundo ela, dos 35 milhões de mortes anuais por doença não contagiosas, cerca de 40% são mortes prematuras causadas por infarto, diabetes e asmas. Doenças comumente causadas pelo envelhecimento, mas que está cada vez mais atingindo jovens e crianças que desenvolvem hipertensão e diabetes tipo 2, principalmente devido o excesso de peso e a obesidade, algo que não ocorria há uma ou duas gerações, afirmou a diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), a endocrinologista, Dra. Claudia Cozer. Cerca de 24% das crianças aqui no Brasil estão acima do peso, ou seja, 43 milhões de crianças em idade pré-escolar são obesas ou apresentam sobrepeso. Ainda Cozer lembra que, 80% dos obesos tem a síndrome metabólica, conjunto de sintomas que levam ao desenvolvimento de diabetes, hipertensão, colesterol alto etc, aumentando diretamente o risco para de infartos, derrames, tromboses e outras doenças cardiovasculares. A Obesidade também está associada à alguns tipos de câncer, como de mama e o de próstata e ainda de depressão entre outros problemas.

Saiba mais sobre as doenças associadas à obesidade e sobre obesidade infanto-juvenil em : http://www.abcdaobesidade.com.br/obesidade_002_003.htm



Dados retirados do caderno Saúde da Folha de S.Paulo, 22 de fevereiro, 2010 e colaboração de Iara Birdemam.