segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Belo


Platão foi o primeiro a formular explicitamente a pergunta e moldar uma resposta. O que é o Belo? O belo é identificado com o bem, com a verdade e a perfeição. Para ele, o Belo existe independentemente do mundo concreto. O belo pertence ao “mundo das ideias”, da criação. O Belo era um ideal que não pertencia ao humano, aos traços individuais e a manifestação das suas emoções. A verdade é que o ideal de beleza sempre existiu e já foi pautado em proporções ideias matemáticas, relações geométricas fixas.


Para Aristóteles: “o belo não pode ser desligado do humano, está em nós” E se é do humano, é volátil, temporal e cultural. Está intrínseco valores e representações e por essa razão variam conforme o tempo, país e crença da época.

O Belo feminino e desejado já pertenceu as “gorduchinhas” com acentuadas curvas corpulentas que simbolizavam fartura.



 
  “As três graças”, obra-prima de Rubens no séc. XVII, hoje estariam mais para “as três desgraças”, por termos atualmente um ideal estético feminino que se aproxima das formas esguias e com músculos definidos da arte greco-romana.
 
 
Madona do cravo de  Leonardo da Vinci
 
 
 A modelo Isabeli Fontana com os filhos mostrando corpo esguio

O modelo de beleza hoje representa uma pessoa bem sucedida, autônoma, moderna, controlada, inteligente, jovem, atlética e saudável. Essa tensão psicológica, reforçada pelas mídias com bombardeio de imagens, reforçam ideologia do ter, fazendo-as reféns da opinião alheia e de imagens muitas vezes irreais, esquecendo os próprios valores e quem são.  


Especificamente, se falarmos da estética do corpo, estaremos falando de um universo único, particular e personalizado, que pensa, sente, fala e se movimenta de maneira que lhe é própria e peculiar, ou seja, será ainda mais variável. A estética do corpo está intimamente ligada a autoimagem e autoestima de cada um. Daí a importância em se ter um bom autoconhecimento para termos uma autoimagem mais próxima da real.
A imagem de cada corpo é a imagem que, consciente ou inconscientemente, fazemos de nós mesmos e queremos que os outros acreditem que somos.
O corpo, ou nossa imagem, resume quem somos física, social e intelectualmente.
A imagem corporal se desenvolve durante toda a vida, do nascimento até a morte. É uma estrutura complexa e subjetiva, de reconstrução incessante, resultante do processamento de estímulos externos advindos da aceitação dos outros, principalmente os pais e da nossa própria aceitação.
Nossas características físicas apesar de serem herdadas, hoje podem ser levemente modificadas e também voluntariamente interagimos com o mundo, influenciando-o e modificando a forma de ser e estar através de maquiagens, ginásticas e cirurgias plásticas.

Quando temos uma visão deturpada de nós mesmos, gera estresse, forte autocrítica, complexos e cada vez mais agrava a percepção distorcida. Esse quadro leva a uma preocupação exagerada com o espelho, uma preocupação obsessiva com a aparência, que na verdade é apenas reflexo de angústia e distúrbio psicológico podendo chegar a uma desordem dismórfica da autoimagem, fundindo-se com a psicopatologia, no qual a aparência adquire um enorme significado e o comportamento é afetado. Também pode acarretar outros distúrbios como: Distúrbios alimentares, depressão, fobias, abuso de álcool e abuso de drogas.

Desordem dismórfica da autoimagem é uma preocupação com um “defeito” discreto na aparência, real ou imaginado. Pessoas com esse problema não se comprometem, não enfrentam problemas, fogem das situações, transferem para outros a responsabilidade por tudo que lhe acontece. São pessoas insatisfeitas consigo mesma, que projetam a resolução dos seus problemas na aparência.

“Os vários sintomas corporais são mensagens da própria psique e está intimamente ligado aos complexos”  (Carl G. Jung)

Quando se conhece, valorizando-se nos aspectos positivos e aceitando-se nos aspectos negativos, podemos ir mudando-os um a um se quisermos, mas sempre no sentindo de buscarmos saúde e não pela imposição de um padrão massificado.

“O corpo não é um objeto no espaço, mas um processo no tempo. Somos um corpo que sente, pensa, imagina e sonha” (Stanley Keleman)

Sendo que saúde para a Organização Mundial da Saúde, "é um estado completo de bem-estar físico, mental e não mera ausência de moléstia ou enfermidade."
Assim, nossa imagem projetará nosso verdadeiro eu, realçando os aspectos positivos, nossas qualidades. Isso também não quer dizer que não devamos almejar a beleza. Buscar a beleza encoraja e promove uma autoimagem forte e positiva. Aumenta a autoestima e o bem estar. Pequenas alterações no exterior podem criar alterações extraordinárias no interior, já que ajudam a desenvolver a autoconfiança, mas não o transformam em outra pessoa.