terça-feira, 15 de novembro de 2011

Crescer

Crescer é o caminho de todos e nem por isso é natural, espontâneo e simples. São intrínsecos ao crescimento descobertas, decepções, ganhos e perdas. Várias teorias de desenvolvimento humano foram formuladas, em diferentes épocas, por diferentes pensadores. Contudo, todas convergem em um ponto: a influência e importância do ambiente externo.

Nascemos e vivenciamos, ainda que por um pequeno espaço de tempo, a majestade de ser um bebê, na qual reinamos em absoluto.


“Cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer, para interagir” (Winnicott – 1979/1983).


Contudo, mesmo sendo inata não garante que ela vá ocorrer. Esse processo de amadurecimento, no qual a criança percorre desde que começa a deixar de ter dependência total, até tornar-se um ser autônomo e interdependente, é um processo que dependerá de condições biológicas e um ambiente facilitador, que no início, é representado pela mãe ou cuidadora que deve lhe fornecer cuidados suficientemente bons e posteriormente pelo espaço familiar e social (escola), com o qual interage.

É importante ressaltar que esses cuidados dependem da necessidade da criança. Tanto antecipar etapas, pula-las, como não estimular a criança podem ser prejudiciais ao desenvolvimento e ao amadurecimento da pessoa. E como cada um é um, não é um processo linear, idêntico para todos. Cada um responderá, de maneira semelhante, porém própria, apresentando a cada momento, condições, potencialidades, necessidades e dificuldades diferentes. As mudanças se dão gradualmente e vão se sucedendo e se superpondo. Ainda que ocorram avanços, retrocessos também fazem parte do desenvolvimento.

Assim, podemos pensar que, se amadurecer significa alcançar o desenvolvimento do que é potencialmente intrínseco e em geral ocorre por imitação e/ou reforço de atitudes.

Do nascer à idade adulta muitas mudanças, físicas, intelectuais, sociais e emocionais, ocorrem. Nesse primeiro momento, falaremos da 1º infância, fase que compreende do 0 aos 6 anos de idade. E esta fase ainda pode ser subdividida tamanha é a quantidade de aquisições e transformações que acontecerão como é esperado.

Do 6 meses aos 02 anos de idade.

Com o desenvolvimento biológico natural do organismo o desenvolvimento da motricidade através do controle, equilíbrio e ganho muscular ajudam na aquisição de novas conquistas rumo à autonomia. É nesse período que o bebê parte da onipotência, onipresença e inicia o descobrimento do mundo e diferenciação do EU e dos outros. O mundo deixa de ser apenas ele e ganha novos elementos a todo o momento. O mundo se amplia.

Em contrapartida, para que este desenvolvimento biológico seja a contento, há necessidade de que o ambiente externo possa dar possibilidades para que isso ocorra. Sem estimulo e necessidade, o bebê não irá se motivar ao movimento de buscar objetos, pegar, andar e a musculatura por sua vez não irá se desenvolver. Ou seja, é necessário que o adulto permita que o bebê se esforce para conseguir as coisas. É preciso que o bebê sinta-se curioso com novos objetos, que estes estejam perto de si, mas distantes o suficiente para que seja necessário algum movimento e esforço por parte do bebê para alcança-lo. Isso irá motiva-lo a pegar objetos, engatinhar e andar, e com isso melhorar sua coordenação motora e intelectualidade.

Impressionantemente, nesse estagio do desenvolvimento, a aquisição da aprendizagem se faz através dos sentidos, nessa primeira fase, principalmente através da boca. A boca é uma zona altamente erógena, sendo a parte do corpo que mais gera prazer à criança. É através da boca que a criança reconhecerá os objetos e o mundo, por isso tudo a criança quer levar à boca. Lógico, faz todo o sentido. O bebê vive num mundo instintivo, visceral, no qual se alimentar é primordial. E isso se dá pela boca. É pela boca que irá imitar, de início sem significado, os sons e balbucios familiares que ouve. Coordenando os movimentos da boca (linguagem) com motores (gestos), o bebê começa a interagir socialmente.

Nessa interação mostram-se os primeiros laços emocionais/afetivos que se iniciaram no reconhecimento da mãe (cuidadora), do pai e dos objetos transicionais (que substituem a mãe), e dos outros no mundo.

Primeiro o bebê reconhece que além e diferente dele existe outro ser, a mãe. Posteriormente ele descobre o pai que intervém e divide a mãe com ele. Essa ausência temporária e necessária da mãe, de início é sentida com angustia, que aos poucos e por vezes com a ajuda de objetos, como paninhos, ursinhos, chupetas e etc, ajudam nessa transição, sendo transferidos à eles, temporariamente toda a afetividade e confiabilidade.

Também é nessa fase, pela repetição das ações, das atividades, pela brincadeira de esconde-esconde, lhe é treinada a memória e devido à rotina diária consegue assim, antecipar acontecimentos. E próximo aos 02 anos de idade já consegue diferenciar o que é real e o que é faz de conta. Já consegue obedecer a um pedido, a uma ordem.

Já percebe se agrada ou não ao outro, já tem certa empatia, diferenciando, mesmo que ainda não o compreenda muito bem, as variações dos estados de humor. Desenvolve o sentimento de posse, sendo difícil partilhar suas coisas e por vezes fará “birra”, expressando seus desagrados.

Nessa fase que a criança começa a desenvolver e treinar a intencionalidade.



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