sexta-feira, 21 de maio de 2010

Twittês

O Twittês é uma adaptação do internetês. Com o surgimento da internet, diversos paradigmas começam a ser modificados e nossa sociedade depara-se com uma nova revolução, tanto ou mais importante do que a invenção da escrita. Lembrando que foi com a escrita que surgiu a sociedade, assim sendo pode estar surgindo uma nova sociedade. O paradigma do pensamento linear está sendo superado por um novo paradigma: o pensamento hipertextual. Ao mesmo tempo é criado um novo espaço relacional, o ciberespaço, não concreto, virtual, mas igualmente real que pede uma reconfiguração das relações entre as pessoas. Como meio de comunicação, a Rede, como também é conhecida, veio a preencher o coração da Sociedade da Informação, imaginada e criticada por pensadores como CASTELLS (1999): “A informação passa a constituir a matéria-prima de nossa sociedade, fonte não apenas de capital, mas também de poder. E um espaço inteiramente constituído de informação, como a Internet, passa a ter um papel central nessa nova sociedade, tanto em termos de circulação de capital, como em termos de reconfiguração do espaço e das relações sociais. Este espaço, denominado por muitos como ciberespaço, ou espaço virtual é o centro da revolução desta virada de século. O ciberespaço é um não-lugar. Não concreto, não físico, mas real”.



Ao mesmo tempo, não só jovens, mas adultos também estão permanecendo mais tempo diante da internet. Talvez isso esteja ocorrendo pela confluência de alguns fatores, como: segurança (passa-se mais tempo dentro de casa ou em ambientes fechados), tecnológicos (criação dos notebooks), financeiro (barateamento dos aparelhos e meio mais econômico de se comunicar, se compararmos ao telefone fixo ou celular) e social (criação de chats, sites de relacionamentos e de programas de conversas instantâneas pela internet). Esses fatores e mudanças acabam favorecendo pessoas com alguns transtornos psicológicos primários. Ou seja, pessoas com timidez, dificuldades no estabelecimento de relações interpessoais, inabilidades sociais e com baixa auto-estima que ao se manterem no anonimato e no distanciamento para se socializarem, interagem com outras pessoas já que estas podem vencer suas dificuldades, adotando outras identidades e criar realidades alternativas sem as barreiras do contacto interpessoal direto (Estévez, 2001).



Dentre estas novidades está o twitter, que traz a necessidade de criar uma nova linguagem, uma escrita mais rápida. Tão rápida que muitas vezes até os próprios dedos não conseguem digitar, e assim criam-se as abreviações e modos de se escrever mais rápido, as estenografias. Ainda há alguns que vão além e “excrevem axim”, substituindo todas as letras que tem sua fonética parecida com “X”, por “x” como o exemplo acima descrito. Segundo a professora titular de Teoria Literária da UNICAMP, Marisa Lajolo, a internet, especificamente o twitter, cria uma linguagem criativa e natural e que ela tem certeza de que “uma das grandes coisas que o ser humano sempre fez, e faz cada vez melhor, é inventar linguagens, decifrar linguagens, reinventar linguagens.” Quem usa o twitter logo vai perceber que algumas palavras são facilmente criadas, mesmo que o seu conceito não seja bem ou nada definido como a palavra que muito me intrigou e foi alvo de discução noite adentro: #twittrepada. Talvez no twitter faz-se uso de muito mais neologismos (fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente. Pode ser fruto de um comportamento espontâneo, próprio do ser humano e da linguagem, ou artificial, para fins pejorativos ou não) que as simples abreviações usada nos MSN, blogs, flogs, ICQs e e-mails, como sugere Rodolfo Lucena.



A tecnologia da linguagem é determinante de mudanças sociais. A linguagem e a tecnologia sempre refletem processos sociais em curso, refletem o que está acontecendo no mundo. Refletem a desorganização das relações de produção e consumo, a complexificação cultural das sociedades urbanas e os fluxos e intercâmbios globais. Assim, o twittês ao mesmo tempo que expressa essas mudanças, é uma forma do jovem "se incluir" nelas e "se excluir" de outros projetos, práticas e valores que ele julga "não fazerem muito sentido". Então, "compreender" o twittês, ver como funciona, porque ele é como é e quais as linguagens que se misturam nele é uma forma de compreender a sociedade contemporânea.

Não poderia deixar de agradecer a inventora do termo twittrepada a @Dra_do_Amor e dos meus amigos do twitter que estimularam este processo criativo e à um grupo de alunos de Adm da Faculdade Mauá pela pesquisa sobre o Internetês.

4 comentários:

Regina disse...

Eu admiro você!!!

Fernando disse...

Nossa tu achou isso!!kkkkk #Twittrepada...

Ana Beatriz Cintra disse...

Pra vc ver...acho assunto no dia-a-dia. Acredito que tudo possa ser estudado e tem uma razão de ser e estar...de uma brincadeira sai esse post...legal neh?

Fernando Cezar disse...

Muito legal a capacidade de inovar e de nos comunicar nesse no globo cada vez mais evoluido seja na escrita, seja na fala , seja na maneira de expressar suas ideias! hehe