sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A gordura encolhendo a infância


O excesso de peso e a obesidade infantil geralmente são negligenciados não só pelos familiares, mas por todos os adultos que acompanham a criança, seja a professora ou os médicos, acreditando que com o tempo e o crescimento, o excesso de peso irá desaparecer facilmente. Aqui vale lembrar que a obesidade é uma doença complexa com altos percentuais de insucessos e recidivas constantes, além de ter alto risco de se tornar um adulto obeso, assim, deveria ocupar um lugar de destaque nos cuidados com a criança.
 
De certo que, gradativamente, a obesidade aumenta com a idade, tanto no homem quanto na mulher, mas estamos encontrando cada vez mais, crianças com excesso de peso ou obesidade cada vez mais novo. Segundo OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) nos últimos 20 anos houve um aumento de 240% de obesidade entre crianças e adolescentes brasileiros.
 
A obesidade infantil se inicia com os pais, mesmo que estes não apresentem excesso de peso ou obesidade, mas devido aos maus hábitos, tanto aqueles que se referem à alimentação quanto ao sedentarismo. Contudo, estudos recentes indicam que a obesidade dos pais, ainda é o maior fator de risco para uma criança se tornar obesa. Estima-se que até 2010, 300 milhões de crianças sofram com a obesidade e seus riscos à saúde, além de estar encolhendo a infância e com isso mudando o comportamento dos jovens.

Sem considerarmos os diversos fatores de risco à vida, já que o excesso de peso na infância programa o organismo para uma vida inteira de saúde frágil, vemos crianças sofrendo de por doenças associadas à obesidade que se instalando cada vez mais cedo.
 
Lembrando sempre que a obesidade mantida na infância e na adolescência tem grande possibilidade de se perpetuar na vida adulta, se tornando mais resistente a ser eliminada. A gordura corporal favorece a antecipação da puberdade, é o que aponta um estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS), que acompanhou mais de 2 mil mulheres desde o nascimento.

Quanto maior a velocidade de crescimento e o peso nos primeiros anos de vida, especialmente entre uma no e meio aos três anos e meio, maior o risco de a primeira menstruação ocorrer antes dos 12 anos de idade.

O excesso de peso sinaliza para o cérebro que a criança é mais velha, estando pronta para as transformações do corpo. A hipófise e o hipotálamo são ativados e passam a secretar hormônios que estimulam os ovários e testículos a produzir estrógeno e testosterona. Também o tecido gorduroso produz e transforma hormônios que estimulam o amadurecimento sexual e antecipam os sinais de adolescência. As células gordurosas secretam leptina, hormônio que atua no hipotálamo e na hipófise. O excesso de leptina acelera as atividades dessas áreas que produzem mais hormônios sexuais. Ainda, podem desencadear a puberdade precoce que é uma doença quando os sinais ocorrem antes dos oito anos nas meninas e antes dos nove nos meninos. Isso pode levar a problemas físicos, como baixa estatura entre outros.

Todas essas mudanças de comportamento que as crianças vêm tendo como beijar na boca com apenas dez anos de idade e outros modos mais erotizados não se dá apenas pelo que assistem na TV, mas se deve também pelas mudanças hormonais precoces, afirma Mauricio de Souza Lima, hebiatra do HC de São Paulo. Até mesmo por que as crianças que mais assistem TV são as crianças mais obesas e fazem menos exercícios físicos, formando um ciclo vicioso.


 
Fonte: Caderno Saúde C9, Folha de SPaulo, de 03 de junho de 2010












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