segunda-feira, 18 de outubro de 2010

E pra manter?

Essa frase cabe em diversas áreas e há muito é falada: “É mais fácil comprar, ter, conseguir do que manter”. Variadas pesquisas são realizadas para saber o que atrai e o que une os casais, mas nem tantas são realizadas para saber o que mantém a união daqueles que se unem. Que sabemos empiricamente é que não é fácil manter-se unido, casado.
Será que a “química” que existia entre o casal acaba?
Será que separações são contagiosas como a obesidade e se propagam entre os ciclos sociais, entre os amigos?
Os laços religiosos conseguem dar conta de manter um relacionamento amoroso?
Separações e divórcios são culturais? Por que elas ocorrem?

Ao certo ainda não se pode responder. Poucas pesquisas foram realizadas nesse sentido. Mesmo porque pode haver uma variável infinita delas.
Contudo, sabe-se que cada vez mais o número de separações e desquites vem aumentando. Engraçado que o número de casamentos também. Enfim...
Pesquisas realizadas pelo Núcleo de Estudos da População da Unicamp mostram que o que Deus uniu o homem separa sim, independentemente da religião. A proporção de separações é semelhante à proporção das crenças religiosas, ou seja, em todas as fés a proporção de separações é similar.
O que leva pessoas a unirem-se geralmente é a satisfação na relação. E como separar-se, hoje, não este mais estigmatizado, é menos burocrático, juridicamente mais fácil, e rápido ela é sempre uma possibilidade. Se tradição e religião não são mais fatores determinantes para manter uma relação pode, ao contrário, contribuírem para as separações. Cada vez mais as pessoas vêm de famílias desfeitas, de pais separados que deixam marca no inconsciente das crianças e adolescentes que mais tarde se casarão e mais facilmente se separarão, pois já têm na sua história introjetada a separação dos pais, parentes próximos ou amigos. Sociologicamente há a mídia que reforça essa tendência nas novelas, filmes e programas que projeta a separação como algo inócuo, indolor e sem conseqüências emocionais e financeiras. De certo que o feminismo também interferiu na decisão pela separação, uma vez que reforça a autonomia financeira e moral da mulher, liberando-a da influência e dependência da família e da religião.

Ainda o que fazem casais adiarem a decisão em se separarem é os filhos e a questão financeira. Contudo os filhos só retardam a decisão durante a gravidez e o 1º ano de vida, depois as chances de separação volta a ser igual à de casais sem filhos. E a condição financeira também não é mais problema já que a maioria das mulheres, agora, trabalha fora.

Embora não se saiba o que é mais relevante para separação, sabem-se alguns dos fatores preponderantes para o sucesso da união e nestes, pelo menos o que as pesquisas indicam, não está o fator religioso.
Está a distribuição igualitária das tarefas, o bom diálogo, o bom relacionamento sexual do casal e a boa saúde física e financeira da família. Outro fator que ajuda a manter casais unidos é conviver com outros casais unidos. Pesquisa recente mostrou que separação é contagiosa. Quando casais se relacionam com amigos próximos que estão se divorciando ou acabaram de se divorciar, as chances de que se divorciem aumenta em 75%. Quando o desquitado está a dois graus de separação, ou seja, é amigo do amigo, o efeito é menor, mas as chances, ainda assim, aumentam em 33%. Isso se dá não pela sedução erótica dos amigos solteiros ou do adultero cônjuge. Nem porque os divorciados transparecem levar uma vida livre e feliz, mas por identificação e admiração. Com isso, são usados como modelos desejados a serem seguidos, a serem imitados. Essa ilusão de modos a serem seguidos aumenta, é lógico, quanto mais o amigo é idealizado e distante. Aquele que não o considera como amigo, mas você sim o considera. Ou seja, aquele “amigo” que não se mostra seu amigo. Mas você, mesmo assim, o considera seu amigo.

Então, para mantermos um casamento vivo, pelo que as pesquisas indicam é preciso cuidar da distribuição das tarefas, da comunicação do casal, da compatibilidade sexual e da saúde física e financeira, além da convivência com amigos casados. Com todas essas variáveis para nos preocupáramos e cuidarmos realmente não é tarefa fácil manter um casamento, não é pra qualquer um.
Viva a união!!!

Um comentário:

Rondinelli disse...

Concordo plenamente que dividir as tarefas do relacionamento ajudam a manter a saúde do casal. Como tudo na vida, o amor é uma escolha.