segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Da pra ser para sempre?

Dando seguimento as reflexões sobre relacionamentos:

Um dos objetivos mais almejados há tempos atrás era adquirir uma casa própria e entrar, cursar e terminar uma boa universidade. Posteriormente dentre os sonhos à realizar, também era ter um carro e ascender profissional e socialmente.

Hoje, além de segurança e saúde, um dos objetivos mais cobiçados é primeiro ter e depois manter um relacionamento amoroso duradouro e feliz.

Em tempos onde relacionar-se é “ficar”, onde as relações parecem descartáveis, superficiais e virtuais. Tempos, onde as exigências são maiores e a tolerância menor. Em tempos de independência financeira que favorecem ao individualismo, o objetivo que encontrar alguém com quem se relacionar de forma duradoura e feliz, parece quase impossível.

Em tempo algum se casou tanto. É verdade! Contudo, os números de separações só vêem aumentando. Estatísticas americanas, semelhantes a do Brasil, mostram que 50% dos 1º casamentos, em poucos anos terminam. Nos 2º casamentos isso se repete em 2/3 das uniões. Assim como, ¾ dos 3º casamentos também terminam.

Só podemos deduzir frente a esses dados apresentados, que apesar de serem livres para escolherem seus cônjuges, não são escolhas bem feitas. Mas por quê?

Inúmeros estudos sobre relacionamentos afetivos confirmam que ainda é possível ser para sempre. E ensinam como estreitar laços afetivos e formar vínculos.

Os 18 primeiros meses de relacionamento, ou no máximo 24 meses, é o período de paixão intensa. Não é Amor, apenas paixão. Paixão que cega. Período fértil para maciças projeções, na qual deixamos de ver o outro como ele é e vemos apenas quem queremos ver. Vemos quem idealizamos, sonhamos ser o salvador. Passado esse período ou após uma grande decepção, que só ocorre porque esperamos algo, criamos uma expectativa nada real, essa nevoa de paixão começa a se dissipar. Mas e aí, o que fazer ao descobrir que nos apaixonamos pela pessoa “errada”? Que quem está conosco é outra pessoa, não a que projetamos, idealizamos e sonhamos?

Nossos avôs e bisavôs também eram livres para escolherem seus pares, eles não faziam escolhas erradas? Não possuíam tantas coisas como hoje nós temos, nem tão pouco as facilidades e comodidades de hoje. Talvez por isso soubessem e submetiam-se a sacrifícios em nome da instituição familiar e ainda, aprendiam a serem felizes.

Será, então que existe mesmo “pessoa errada”? Como casamentos arranjados, existentes ainda hoje, nos quais, por vezes, os cônjuges nem se conhecem e conseguem afirmar que o amor cresce com o tempo e conseguem manter uma união amorosa e feliz, diferentemente dos casamentos escolhidos?

Dá para aprender a amar?

Dezenas de trabalhos científicos revelam como se aprende a amar. Porém, é fundamental para que uma relação dure e seja feliz, que ambos tenham vontade e determinação de permanecerem unidos, juntos, de persistirem apesar das dificuldades. Que se comprometam com a relação e que estejam dispostos, não a mudar o outro, mas mudar a si próprio para fazer dar certo.

Afinidades e intimidade não nascem prontas. São construídas no dia-a-dia, partilhando nossos medos, segredos e dúvidas.

Nos dias de hoje, com a responsabilidade de inúmeras contas a pagar, dos bens que queremos e precisamos ter, esquecemos de fitarmos a alma do nosso companheiro, daquele que dizemos amar. Olhamos para ele e não o vemos. Trocar olhares profundos, olhar olho no olho e ver além dos olhos, inconscientemente, dão as pessoas permissão de serem vistas como são, com toda sua fragilidade e baixam as defesas, se deixam vulneráveis e conseqüentemente, mais receptivas. Perceber a fragilidade do outro, desperta o ímpeto de oferecer proteção, favorecendo o acolhimento e o amor.

Ter boa comunicação também favorece a união. Dentro da comunicação, podemos acrescer o respeito, aceitando o outro como ele é, sem querer modificá-lo. Saber ouvir, compreendendo as necessidades do outro, que podem ser diferentes das suas e da sua expectativa. Saber falar, sem impor, sem agredir ou ofender.

Estar juntos. Vivenciar emoções. Executar tarefas juntos sem serem grudados, dependentes. Equilibrando o convívio e a privacidade. Dosando momentos próximos e momentos separados. Descobrir semelhanças, construir objetivos, gostos e interesses comuns.

Sempre terem tarefas novas a serem feitas juntos, segundo o psicólogo Greg Strong, da Universidade da Flórida, aproxima mais as pessoas. A novidade apura os sentidos. Portanto aprender coisas novas juntos, quando não há competição, é um jeito de fortalecer laços.

Manter o humor. Pesquisadores especializados em relações amorosas, já mostraram há 30 anos, que numa união feliz de longa duração os parceiros riam bastante.

Tocar e ser tocado pode despertar inúmeras sensações de carinho, como por exemplo, uma massagem nas costas. E a sexualidade pode reafirmar sentidos de proximidade.

E por fim, vários estudos confirmam, que de uma forma geral, as pessoas preferem conviver e criar laços com pessoas tolerantes, bondosas, educadas, sensíveis e atenciosas. Fazer uso do perdão representaria a máxima dessas qualidades anteriores tendendo a criar vínculo e cumplicidade entre o casal.

De forma geral, cabendo a cada qual o tempero, o toque pessoal, são estes os achados científicos de um relacionamento amoroso feliz e para sempre.

Simples, como todas as coisas boas e verdadeiras da vida, mas que nos exigem um grande trabalho interno.

Mãos à obra...Avante!



Fonte: Revista Mente e Cérebro Ano XVII Nº 205 por Robert Epstein






















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