domingo, 25 de setembro de 2011

Ouvir



Acredito que tudo tem uma razão de ser e estar. A premissa da existência é a utilidade, sem graduação de importância. Essa variação é uma concepção humana e não existencial. Algo que parece banal, ao analisado em outras perspectivas, em uma oitava maior, poderá crescer exponencialmente em importância sem desocupar lugar de outros e sem se sobressair.

Somos dotados de inúmeras capacidades perceptivas, analíticas e mentais, que livres da censura do ego, egoísmo e vaidade, nos possibilita todas as respostas desse plano terrestre, dentre as quais os nossos cinco sentidos.


A Vida a todo instante nos mostra o caminho a ser seguido. Nós, envoltos em casulos densos, na arrogância da nossa pseudo sabedoria negligenciamos os sinais insistentes, porém sutis que nos são colocados na nossa jornada diária.

Numa tentativa de partilhar a reflexão de um desses sinais, sabendo que apesar de universal, a trilha é individual, espero que possa ser, para alguns, também um sinal.

Bem, a meditação é sobre o ouvir. Da importância do ouvir. Filosoficamente há muito a se falar sobre o ouvir, mas lendo hoje um artigo do Dr. Drauzio Varella sobre a medicina de Hipocrates, na Folha de S. Paulo, no qual ele coloca a importância do ouvir, e não apenas escutar os pacientes, levando a eficiência do tratamento e qualidade do prognóstico, me fez lembrar que horas antes, o ouvir já havia sido pauta de uma longa conversa e que talvez merecesse minha maior atenção sobre esse assunto, pois poderia ser um sinal.

Geralmente escutamos, usamos apenas nosso aparelho auditivo. Ouvir é muito mais do que escutar. É se permitir entrar por inteiro e ausente de pessoalidades, deixar que as conexões neurais e mentais ocorram e se associem a outros conhecimentos já armazenados. Como ele coloca, é ter empatia com o outro, com o tema. E empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro sem qualquer aspecto pessoal e  assim compreende-lo.

Não só médicos deveriam fazê-lo. Mas, todo e qualquer profissional, seja ele da área da saúde ou não. Um arquiteto, engenheiro, costureiro, artista, cabeleireiro, cozinheiro etc não poderá entregar um bom trabalho se não ouve as necessidades, sonhos e desejos daquele que lhe procura.

Aliás, todas as pessoas deveriam fazer uso do ouvir já que uma Verdade cabe no particular e no geral. Ela é Universal. Assim também ocorre nas relações. Se não ouvimos o amigo, filho, cônjuge, chefe ou até mesmo um desconhecido, ignoramos sua aflições, medos, angustias e ambições e acabamos impondo nossas necessidades e precariamente sendo útil.

E se a premissa da existência é a utilidade, qual então será a razão da existência de cada um?

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