segunda-feira, 11 de junho de 2012

Paradoxos


Brasil, o país do paradoxo: mais de 45 milhões de pessoas desnutridas e/ou com anemias, levam o governo federal a criar o Fome Zero e do outro lado mais de 70 milhões, por volta de 40% da população adulta (IBGE) apresentam excesso de peso, sendo que encontramos mais de 8% de homens e mais de 12% de mulheres com obesidade em algum grau.

São aproximadamente 80 mil mortes associadas à obesidade. Não se trata de estética ou pré-conceito, mas de saúde. É ledo engano achar que um gordo pode ser saudável. Não por muito tempo. Com o avançar dos anos irá adquirir alguma doença associada que poderia ser evitada caso mantivesse o peso normal.

A obesidade pode ter início em qualquer época da vida. Contudo é notório que a obesidade infantil esteja aumentando vertiginosamente. Segundo OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) nos últimos 20 anos houve um aumento de 240% de obesidade entre crianças e adolescentes brasileiros.

A obesidade infantil se inicia com os pais, mesmo que estes não apresentem excesso de peso ou obesidade. Estima-se que 30% da gordura corpórea sejam de determinação genética. Herda-se uma pré-disposição, uma probabilidade, mas é um ambiente facilitador que disponibiliza a manifestação da obesidade. Alguns pediatras creditam a obesidade ao desmame precoce que pode levar a introdução inadequada de alimentos suplementares. Porém o desmame tardio, pode igualmente levar ao aumento de peso pela dependência e associação da comida com alguns estados emocionais desfavoráveis. Para o Ministério da Saúde, o Brasil está passando por um período de transição nutricional. Trata-se do abandono de hábitos alimentares saudáveis (o consumo de frutas, verduras e cereais), e da adoção de uma dieta pobre nutricionalmente, rica em sal, açúcar, gorduras e poucas fibras.

Hoje temos muito mais conforto, variedade de produtos e melhores condições de adquiri-las. Mas, exatamente esses fatores em conjunto com menor número de filhos por casal ou filhos únicos, pais tardios e o ingresso da mulher no mercado de trabalho acaba favorecendo a uma superalimentação como forma de superproteção. Na adolescência, o fator mais relevante encontrado foi o sedentarismo estimulado principalmente pelos adventos da modernidade e pela falta de segurança.

O paradoxo está também na questão econômica: quanto maior o poder aquisitivo, maior a obesidade, principalmente entre homens (principalmente entre os executivos) e adolescentes. Curioso é que, os alimentos mais saudáveis são mais caros para serem adquiridos e demandam mais trabalho para serem consumidos, remetendo-nos ao antigo preceito de acumulo de riquezas representado pelo acumulo de gordura corporal.

Entre as mulheres ocorre exatamente o contrário. A obesidade é mais frequente entre as mulheres de menor renda. E aqui novamente podemos supor que estão envolvidos conceitos cristalizados da mulher magra como símbolo de competência e sucesso profissional contrastando com o símbolo de mulher dona-de-casa e corpo corpulento.

Outro fator interessante a ser notado é que a concentração de pessoas com excesso de peso, esta localizada, na sua grande maioria, nas cidades, nos centros urbanos, nas quais se encontra maior oferta de trabalhadores domésticos, fácil acesso aos produtos saudáveis e diversidade de centros de emagrecimentos como médicos, academias, spas e outros.

Tanto o maior poder de renda e a urbanização encontram-se na região sudeste e sul do país, a mesma na qual se encontram o maior número de obesos.










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