quinta-feira, 29 de março de 2012

Automutilação



Diferentemente do que pode parecer, esse não é um ato praticado para chamar a atenção. Nem ao menos é o suicídio. Em menos de 1% dos jovens que se mutilam e a intenção desses atos era o suicídio. Muito pelo contrário. A maioria que se automutila, um em cada 12 adolescentes, comumente mulheres entre 15 e 24 anos, costumam cobrir seus cortes, batidas e queimaduras com as roupas e só são descobertos por acaso. Em geral, é a tentativa de aliviar uma dor emocional, angústia, raiva ou frustrações. Também, menos frequente, pode ser praticada como substituição de dores corpóreas. Isto é, uma dor maior para substituir uma dor menor.

Um estudo realizado no King`s College, em Londres e na Universidade de Melbourne, na Austrália, com 1.802 adolescentes acompanhados por 16 anos foi publicado na revista médica “Lancet”, afirma que menos de 1% dos jovens que se mutilavam, nantinham esse comportamento quando adultos, levando os pesquisadores a concluírem que, na maioria dos casos, o problema se resolve espontaneamente. Contudo isso não significa que seja dispensável tratamento, pois a automutilação está associada a doenças psiquiátricas como depressão, transtorno Bipolar, Síndrome do pânico, Anorexia, Bullying, epilepsia, ansiedade generalizada e merece receber atenção. Dar broncas e represálias ao descobrir esse comportamento dos filhos só piora o quadro. O melhor é recorrer à ajuda médica a fim de ser avaliado e tratado, já que alguns fatores de risco podem estar associados. Além da depressão e ansiedade já citados, abuso de álcool, uso de maconha, família desestruturada, histórico de agressão física na infância, personalidade impulsiva e saber que algum conhecido pratica a automutilação.

O automutilador tende a ter grandes dificuldades para se expressar verbal ou emocionalmente, portanto, não consegue falar publicamente sobre suas angústias nem chorar diante de outras pessoas, por vezes nem quando estão sozinhas. Essa dificuldade de expressão acaba, em muitos casos, sendo um forte fator que desencadeia o comportamento automutilador. Não possui amor próprio e usualmente define a si mesmo como sendo "um lixo humano". Desse modo, alguns tendem a se afastar da família e dos amigos.

Como acontece em outras compulsões, após cessar com a ação de mutilar-se, sentem-se extramente culpados e envergonhados da sua atitude. Alguns abandonam qualquer tipo de atividade em que seja necessária a exibição do corpo, como ir à praia ou a um clube, para que seus cortes e cicatrizes permaneçam ocultas e, desse modo, não tenham que falar sobre o problema. Não possui qualquer expectativa com relação ao futuro, pois se considera incapaz de alcançar qualquer coisa realmente boa. E ainda que consiga não é o bastante para que abandone as práticas autoagressivas, o que faz com que retorne à mesma falta de expectativas a respeito da vida.

Alguns indivíduos afirmam que escrever (textos, poemas, contos, músicas, etc.) lhes parece de grande ajuda, como uma forma de expressar suas emoções, o que não conseguem fazer de outras formas. Desse modo, a necessidade de se automutilar diminui significantemente.

Quando o indivíduo consegue superar a doença, o primeiro problema com que se depara é a sensação de vazio. Muitos ex-automutiladores afirmam que se tornaram incapazes de qualquer sentimento comum ao ser humano, como ódio, raiva, indignação, medo, insegurança, alegria, amor, etc. Sentem-se apáticos e desinteressados com relação a qualquer assunto que os rodeie. "Se alguém morresse ao meu lado, eu não daria a mínima" é uma sentença que bem traduz esse estado de espírito. Tal sensação tem sido observada em vários indivíduos, porém, não se estende por muito tempo. Ainda que tenha alguma recaída, o ex-automutilador tende a sentir cada vez menos falta do comportamento autoagressivo e, com o tempo, o abandona completamente.

Cicatrizes próximas podem ser sinal de problema. Uma forma comum de AM envolve fazer cortes na pele dos braços, nas pernas, coxas e abdômen. Os locais de lesão são, geralmente, áreas escondidas de uma possível detecção por outras pessoas. O número de métodos automutilantes se restringe à criatividade do indivíduo.

Exemplos de formas de automutilação, além de se cortar:

• Esmurrar-se, chicotear-se

• Morder as próprias mãos, lábios, língua, ou braços

• Apertar ou reabrir feridas (Dermatotilexomania)

• Arrancar os cabelos (Tricotilomania)

• Queimar-se, incluindo com cigarro, produto químicos (por exemplo, sal e gelo)

• Furar-se com agulhas, arames, pregos, canetas

• Beliscar-se,

• Ingerir agentes corrosivos, alfinetes

• Envenenar-se, medicar-se (por exemplo, exagerar na dose de remédios e/ou álcool), sem intenção de suicídio.

• bater a própria cabeça contra a parede,

A associação psicoterapia e medicação tem se mostrado eficaz nos casos de automutilação. A psicoterapia, nestes casos, tem como um dos objetivos ajudar o paciente a identificar outras formas de lidar com frustrações que sejam mais eficazes do que seu comportamento. Ainda não há medicação específica indicada para que o paciente pare de se mutilar, entretanto, a medicação pode ser indicada para alívio dos sintomas depressivos e ansiosos que podem colaborar para a manutenção do comportamento.

O ideal é procurar um bom profissional, um psicólogo ou psiquiatra, que possa identificar as causas do problema no paciente e tratá-las

O automutilador necessita, sobretudo, do apoio da família e dos amigos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Bom eu passo por isto começei a me mutilar a 1 mes e agora não sei como parar mais quero parar mas é quase imposivel! eu me corto e me queimo com gelo os meus cortes ainda são fraco por que tenho medo de quando eu ficar maior ver as cicatrizes mas tenho muinta mais muinta vontade de me automutilar ate ficar cicatriz as vezes tenho pensamentos suicidas,tenho medo de ser bipolar e tenho muinto mais muinto mais muito mesmo BAIXO AUTOESTIMA não teve um segundo da minha vida que me achei bonita! quando você começa tudo vira motivo de continuar depois!!!
minha mae fala que sou louca mas não sou eu quero parar mais não sei como e a pior parte ela diz que se continuar deste jeito ela vai começar a me batar! eu me sinto sempre excluida principalmente na escola,tenho apelidos ofencivos na minha escola...fico muintas vezes triste sem motivo... é super Horrivel me arrependi de ter feito meu primeiro corte e agora fiquei totalmente idenpedente da faca e da lamina!!! quero relamente para mas parece que isto não tem fim e não vou conseguir! SOCORROOOOO

Ana Beatriz Cintra disse...

Você não é louca, apenas está com problemas. Problemas que não conseguirá resolve-los sozinha. Procure ajuda profissional de um psiquiatra e de um psicólogo.
Como vc deve ter lido a automutilação é causada por um disturbio de ansiedade intensa e por depressão. Se esses dois disturbios não forem tratados vc continuará tendo o impulso de se mutilar. Vc não está sozinah e não é a única, ams necessita de auxilio. Apanhar não irá adiantar em nada, podendo até agravar esse quadro.
Vc já mostrou esse post ou qlq outro sobre esse assunto para sua mãe? Talvez lendo ela possa tomar conhecimento de que não é apenas caso de indisciplina ou de querer chamar a etenção e possa te ajudar melhor.
Abraços es e cuida!

Anônimo disse...

Eu tenho 15 anos e me mutilo à 4.
Quase fui estuprada pelo meu proprio "pai", meu irmão é um drogado e a minha mãe é louca.
Comecei a me cortar depois da morte do meu melhor amigo.
Eu não me arranho.. Eu arranco pedaços de pele. As vezes com laminas, as vezes com os dentes. eu arranco mechas inteiras de cabelos com apenas um puxão.
Esquento agulhas.. enfio na pele depois dou um giro na agulha queimando toda a pele por dentro.
Corto o msm corte varias vezes até alcançar o osso.
Furo minhas pernas com canetas e já perdi as contas de quantas vezes tive que fazer torniquetes por ter ido fundo demais num corte.
Minha boca já não se cicatriza mais.
Minhas unhas são deformadas de tantas vezes que foram arrancadas.
O pior da auto mutilação, é que um simples corte começa a ser pouco, e vc começa a precisar de mais.
Eu já cheguei a ficar 6 meses sem me mutilar. Mas pra ser sincera, eu não quero parar.

Ana Beatriz Cintra disse...

Você não tem mais ninguém na família? Não possui amigos?
Sua vida parece bem difícil, mas de autoagredir, se automutilar não irá resolve-la, não promove melhoras.
Entendo que você viva ansiosa e aflita com situações bem complicadas, contúdo ainda há saídas. Você pode ter ajuda! Mas precisa querer. Por que diz que não quer parar?

Se quiser me deixe seu e-mail(não será divulgado)

Pra tudo há uma solução e por mais dura que sejam as situações, tudo passa. Nada é eterno!