quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sentimento trancafiado

Antes de adentrarmos no texto, peço licença e agradeço ao site http://www.manualdasencalhadas.com.br/, ao qual eu escrevia pelo espaço e por emprestar este texto, que apesar de ser minha autoria, primeiramente foi divulgado noutro site.

Você já passou por isso? Provavelmente sim. Esconder, omitir, dissimular ou sublimar um sentimento por qualquer razão?

É lindo e poético dizer que vive intensamente seus sentimentos, que se é uma pessoa intensa, mas “na real” isso é bem pouco provável.

Essa liberdade maravilhosa de viver abertamente um sentimento, deixando-o extravasar sem toda sua intensidade é quase uma utopia na sociedade. A menos que seja uma “porra louca” que aja por impulso ou por qualquer preço dá pra bancar os sentimentos em toda sua intensidade. E não vivemos sós.

Cada ato tem suas conseqüências e reverberações e podem se prolongar extensamente atingindo proporções fora do nosso controle.

Vivenciar um sentimento intenso em toda sua potencialidade saí do âmbito pessoal e invade o coletivo. Direta ou indiretamente a manifestação sempre afetará outro. Não há intensidade sem manifestação. Não há luz intensa sem ser vista. Não há som intenso sem ser ouvido. Cheiro, toque ou energia intensa sem ser sentida.

Ao afetar o outro está intrínseco, desejos, fantasias, ganhos e perdas, escolhas e riscos que podemos não estar dispostos a correr ou preparados para assumir.

Intensidade sugere fugacidade e para prolongá-lo ou manter sua intensidade seguro é trancafiá-lo. Proibido ou impossível de ser vivido em toda sua intensidade, exposto em sua plenitude é levado a finitude. Guardado, escondido, controlado na sua manifestação é mantido vivo, mesmo que tênue.

Certo ou errado, não importa, tanto faz. O que dita à norma é a nossa história, nossos traumas, complexos, necessidade e coragem.

O que vale é que é sempre uma possibilidade!

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