segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Marketing apelativo


Entre outras causas, a obesidade pode estar vinculada ao aumento de consumo de alimentos ricos em gordura graças às práticas apelativas de marketing que atingem principalmente as crianças, mas não excluem os adultos.
Assim como a empresa de tabaco, algumas empresas alimentícias associam o produto a uma mensagem subliminar, uma posição, um status ou sensação imaginária a ser alcançada, como uma marca de chocolate que anunciava: “brigou com o namorado coma...” E com essa estratégia muitos fast foods estão usando o brinde de brinquedos para atrair a garotada para o consumo de alimentos mais calóricos, com mais gordura saturada e sódio do que o recomendado para a faixa etária. Alguns endocrinologistas relatam estar atendendo mais crianças com hipertensão e diabetes em função da obesidade. Eles concordam que a oferta de brinde estimule as crianças ao consumo, mas também responsabiliza os pais que acabam cedendo e levando a criança até as lanchonetes.
É uma briga sem fim. Cada qual querendo abster-se da responsabilidade empurrando-a ao outro. Como sempre coloco: da mesma forma que a obesidade é multifatorial, a responsabilidade pelas crianças consumirem este ou aquele produto e estarem se tornando obesas não segue um único vetor. O desenvolvimento da obesidade uma co-responsabilidade porque vai depender do que a criança come nos outros dias da semana e se possui alguma atividade física ou é sedentária. Comer em lanchonetes uma vez na semana não é o que causa, sozinha a obesidade. O grande problema é que os pais também já se renderam a publicidade e já adquiriram hábitos não saudáveis, ficando mais difícil dizer não e competir com apelos desleais, na qual é oferecido um premio ao “não legal”, enquanto a alimentação saudável não oferece nenhum atrativo. Uma solução viável seria a oferta de cardápios com produtos mais saudáveis como fruitas e saladas estimulando assim as crianças a consumirem alimentos menos calóricos e mais nutritivos. E ainda que diminuíssem ou até proibissem as propagandas de alimentos mais caloricos para crianças menores de 12 anos, pois ainda não possuem uma visão crítica do que significa aquele produto.


Informações retiradas do jornal Folha de S.Paulo, Especial C2 dia 16/10/2009

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