segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cigarro uma droga "legal"


Uma droga permitida pela lei. Mesmo sendo a venda proibida para menores de 18 anos, seu consumo inicia-se, na grande maioria, antes dessa idade. 8% até 11 anos, 52% entre 12 e 17 anos, 23% de 18 a 24 anos e apenas 5% com 25 anos ou mais. Segundo levantamento da data folha, o número de fumante está em queda, sendo o Brasil, considerado pela OMS (organização Mundial de Saúde) como o país no mundo que mais reduziu o número de fumantes nos últimos 10 anos. No Brasil, aproximadamente 27% consideram-se fumantes.
Diversas são as causas que levam um jovem a iniciar o fumo, mas a maioria dos fumantes no Brasil nasceu entre 1948 e 1972, numa época na qual a publicidade era sem limite e na qual o cigarro era associado ao sucesso, aos esportes, ao sexo no cinema e na TV. Hoje menos jovens iniciam o fumo devido não só a as imagens que estão nos maços, fim da publicidade do cigarro que vincula ao sucesso e a um estilo de vida de prazer e bem-estar, aumento da divulgação e do nível de informação sobre o tabagismo para a população e leis de regulamentação. Todavia, como qualquer jovem, que vivencia sua fase “super-homem” ele pode se sentir atraído exatamente pela contraversão, pelo desafio e risco, acreditando que pode parar quando quiser e que fumar não é um vício. Ledo engano. 69% dos fumantes já tentaram para de fumar pelo menos uma vez. 9% já tentaram parar de fumar mais de 5 vezes. Dentro destas várias tentativas se valeram desde “força de vontade” até aplicação de laser, adesivos, chicletes, piteiras e remédios e mesmo assim muitos não conseguiram. Mesmo sabendo da gravidade, do risco de adquirir vários cânceres, dentre eles o de boca, de laringe, faringe, de pulmão e outros não é o suficiente para o sucesso em parar. Mesmo que consigam por um tempo, dias, semanas, meses e até anos sem fumar não é o suficiente para se tornar um ex-fumante, sempre se corre o risco de recaídas. No dito popular o cigarro acalma e dá prazer. E é com esse pensamento, além de usá-lo como ferramenta de auto-afirmação para pessoas inseguras, que muitos iniciam o fumo. Mas, a realidade é que o cigarro provoca alterações fisiológicas de dependência da nicotina que vão além da força de vontade e da dependência psicológica. E como qualquer outra droga, na abstinência surgirá os sintomas, mesmo com apenas alguns cigarros fumados.
Agitação, irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade surgem em no máximo dois dias que se para de fumar. Para os fumantes convictos, que consomem pelo menos um maço por dia, a síndrome de abstinência se instala minutos depois do último cigarro.
A nicotina age no nos neurônios cerebrais estimulando a dopamina, serotonina, opióides e noradrenalina, entre outros, todos eles antidepressivos e/ou sedativos, os quais estimulam o prazer. Assim, uma vez instalada a dependência, mesmo que se passem anos ao fumar novamente, o vício é reinstalado rapidamente tanto quanto antes ou até mais. “A dependência de nicotina é uma doença crônica, incurável, na qual o cérebro do fumante nunca mais voltará ao estado original. A farmacologia não conhece droga que cause tamanha dependência química. Com a nicotina você não experimenta a alegria do álcool, a onipotência da cocaína, o relaxamento da maconha ou as visões do LSD. Não existe barato, nem viagem. Você fuma apenas para aplacar as crises de abstinência que a própria droga provoca a cada 30 minutos. O único prazer de quem fuma é sentir a paz de volta ao corpo suplicante, até que a próxima crise bata a porta para enlouquecê-lo.” (Dráuzio Varella)
os dados foram retirados de diversas reportagens do jornal Folha de SPaulo, de cadernos variados dos anos de 2007, 2008 e 2009

3 comentários:

Denise disse...

Concordo com muito do que foi dito, mas nao sejamos tão radicais. Existem os fumantes eventuais, que fumam pelo prazer da "viajenzinha" que alguns cigarros proporcionam e nao tem crise de abstinencia ou são viciados (e não to falando de maconha nao rsrs).
Outro fato relevante é o perigo proporcionado aos fumantes passivos, esses sim, nao pediram pra fumar e estão mais expostos que os fumantes ativos. Viva a lei anti-fumo (desde que fosse 100% cumprida). Estamos no Brasil... Leis? Muitas!! Consciência e Fiscalização? Zero!!

Paula Gutierrez disse...

Bia...muito bom o texto.
Sabe, eu convivi minha vida toda com pais e tios fumantes, cresci literalmente no meio da fumaça. Desenvolvi tamanha alergia ao cigarro e hoje não suporto nem o cheiro. Já fiz testes de tenho rinite alérgica provocada por tabaco. Fico mal e sem nem conseguir dormir quando exposta.
E o pior é que as pessoas tem dificuladde em respeitar o direito do outro. Acham que é frescura e se irritam quando eu reclamo.
Minha mãe diz: Eu te amamentava com o cigarro na mão e vc ainda não costumou? Hehehe...
Eu adorei a nova lei e acredito muito que está na hora das pessoas poderem escolher o que realmente querem pra sua vida e principalmente para sua saúde.

Ana Beatriz Cintra disse...

Denise,
não se iluda. Querendo ou não esses sintomas vão existir. O que pode ocorrer é que você não os perceba ou não associe ao tabaco.